Todo uniforme tem uma história.
Quando se trata de uniformes, o Boston Celtics é a equipe mais conservadora da NBA. Mesmo que a gente retorne às origens da franquia, encontraremos uniformes muito parecidos com o que os jogadores vestem atualmente. Com o modelo City Edition 2020-21, os Celtics surpreenderam um total de zero pessoas. Mas esse uniforme esconde alguns segredos que deixariam qualquer torcedor celta orgulhoso!

Este uniforme faz uma referência à vitoriosa história do Boston Celtics, franquia com mais títulos conquistados na NBA – 17, empatados com o Los Angeles Lakers. O plano foi adaptar o desenho dos banners que estão pendurados no teto do ginásio dos Celtics e fazer deles uma roupa de jogar basquete.
Pelo desenho dos banners já podemos imaginar que é um uniforme com poucas cores, bem sólidas, com formas simples.
O uniforme como um todo tem essa “moldura” verde, como nos banners, que ocupa golas, mangas, painéis laterais e a barra dos shorts. No peito, o logotipo Boston Celtics também é bem sólido, escrito na clássica fonte Futura Condensed. Não é a fonte que estamos acostumados a ver, mas caiu bem no logotipo e números da camisa.
É a primeira vez na história que o Boston Celtics tem um uniforme com o nome completo da franquia escrito.
Homenagem a Red Auerbach
Se o uniforme é pra fazer lembrar de tantos títulos, é impossível não citar Arnold Jacob Auerbach. Red Auerbach, como ficou conhecido, é um dos principais treinadores e executivos da história da NBA. Embora tenha treinado outras equipes, sua história é particularmente vinculada ao Boston Celtics. Pela franquia de Massachusetts, Red conquistou 16 títulos. Isso mesmo, dezesseis. Sendo 9 como treinador e 7 como executivo.
Auerbach foi pioneiro em quadra, introduzindo conceitos como o contra-ataque, e fora dela também, quando em 1950 draftou Chuck Cooper, o primeiro atleta negro da história. Foi num time do Celtics treinador por Auerbach que entrou em quadra o primeiro time titular composto só por atletas negros, em 1964. Foi na gestão dele que Bill Russell se tornou o primeiro treinador negro da NBA, em 1966.

Red Auerbach foi introduzido ao Hall da Fama do basquete, teve o número 2 aposentado pelo Boston Celtics – uma sugestão de que é o segundo Celtic mais importante da história, depois de Walter Brown, o fundador da franquia – e dá nome ao troféu entregue anualmente ao melhor treinador da temporada, o NBA Coach Of The Year Award.
Uma célebre frase de Auerbach foi reproduzida acima da etiqueta: “The Boston Celtics are not a basketball team, they’re a way of life”. Em tradução livre para o português: “O Boston Celtics não é um time de basquete, é um estilo de vida”.
Segredo do patrocinador
O Boston Celtics firmou parceria com a Vistaprint e, a partir da temporada 2020-21, começou a exibir em suas camisas a marca da gráfica internacional. Para a City Edition, uma alteração muito delicada foi feita.
O logotipo da Vistaprint teve sua fonte alterada para a Futura Condensed, harmonizando com o restante do uniforme. Ainda ganhou uma caixa verde por trás, numa referência ao icônico casaco de aquecimento dos anos 80.
O short também tem seu charme
Os banners dos títulos dos Celtics têm uma característica curiosa: um pequeno símbolo redondo com as letras NBA dentro. Alguns são brancos, outros verdes. Ninguém sabe o motivo. Há quem jure que isso representa o uniforme que o Boston vestiu no jogo do título – branco ou verde. Não é verdade. Nas finais de 1976 e 81, por exemplo, o Celtics vestiu verde no jogo que garantiu o título, mas os banners têm símbolos de cores diferentes.
Meu palpite pra isso é que os desenhos não tem nenhum motivo para diferenciação. Foi uma escolha aleatória no momento da confecção.
O círculo de cor branca foi reproduzido no elástico do short. Um detalhe sutil e significativo. Há muitos uniformes nos quais essa fivela é preenchida de forma pouco criativa, por isso deixo meu “muito obrigado” a quem teve essa boa ideia. Ela ajuda o uniforme a “incorporar” o desenho do banner.
Probleminha de adaptação
Ao finalizar o layout de um uniforme, um dos aspectos que a ser considerado é a capacidade de adaptação a diferentes tamanhos de camisa e bermuda. Esse uniforme dos Celtics apresenta um problema que ajuda a explicar como a capacidade de adaptação afeta um uniforme.
Observe a posição do logotipo “Boston Celtics”. Na camisa do Tristan Thompson (13), que veste tamanho 50, ele aparece na posição correta, melhor alinhado ao tórax do jogador. Na camisa do Kemba Walker (8), que veste tamanho 44, a camisa não tem largura suficiente para que o logotipo seja posicionado no lugar correto. Desse modo, ele fica abaixo da posição correta e deixa o número na barriga do jogador.
O espaço entre o logotipo da Vistaprint e a letra N ajuda a reconhecer essa diferença de posição.
Minha opinião
Dos anos 90 pra cá a onda de uniformes alternativos só cresceu. E tudo o que vimos dos Celtics foi um pouco de amarelo, preto, cinza, algumas texturas, mas com o verde ou o branco sempre presentes. Em resumo, nada que nos fizesse arregalar os olhos. As cores principais dos Celtics não são fáceis de combinar com um terceiro tom.
Uniformes não precisam ser visualmente complexos para serem bonitos. É por isso que esse aqui me agrada. O tema dele não tem nada de “City”, como a coleção presume, mas destaca algo que, sim, deixa a comunidade local orgulhosa. Poucos times no mundo podem ostentar tantos títulos a ponto de fazer dos seus banners um símbolo tão reconhecível.
Eu gosto muito de uniformes que permitem que todo o nome do time seja escrito. Ponto positivo aqui. Infelizmente, isso acaba sendo parte da má adaptação aos tamanhos diferentes de camisa. Por fim, a Futura Condensed é uma fonte boa para o logotipo, mas excepcional para os números.
Avaliação:
